Procissão nas Lajes
Pensão das Sra.s Claudianas -
(à esquerda)
Antes eram as Pensões que recebiam os seus hóspedes, alguns pagando o direito a cama e que, não raro, também incluía refeição, quantas vezes compartilhando o respectivo quarto com outro pensionista-comensal, assim acontecia nos anos cinquenta e sessenta e esses eram sobretudo os caixeiros-viajantes que se deslocavam do continente ou de outras ilhas, para publicitarem junto dos comerciantes locais, as suas mercadorias, como os das fábricas de tabaco; apresentarem os novos produtos entretanto surgidos no mercado, ou ainda e quase sempre a tomar nota das encomendas, já que as comunicações eram caras e pouco fiáveis e os transportes marítimos do continente eram demorados, fosse na viagem, fosse por ultimo na descarga, em baldeação, nos já esquecidos batelões de carga, nos portos das Lajes e de São Roque. Desses tempos, lembro-me da Pensão Velha “das Sr.as Claudianas” que existia ali numa casa hoje em ruínas ao lado do Café Baleeiro, defronte da Filarmónica Lajense e da Pensão Nova, na Rua Nova – Rua Dom João Paulino de Azevedo e Castro (hoje residência do Abel Gonçalves) na vila das Lajes; da Pensão Gomes e da Pensão Garcia, na vila de São Roque e da Pensão do Sr. Manuel Ruivo e da Pensão do Sr. Manuel Marcos (Manuel da Helena) na vila da Madalena, a par de outras casas que também davam quartos, nas nossas vilas.
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Pensão e Snack-bar Serpa – Vila de São Roque
Ora visitando hoje em dia, as feiras nacionais de turismo, como a última BTL, apreciando as noticias sobre os encontros temáticos desta área e fazendo um balanço histórico, mesmo que ligeiro, fácil é chegar-se à conclusão de que um dia alguém ou alguns arriscaram, e muitos deles como que antevendo o que se iria passar nesta área da hotelaria e restauração na nossa ilha, não ficaram numa cómoda atitude passiva mas apostaram e investiram, primeiro quase empiricamente, e mais tarde promovendo investimentos com outra consistência, minimamente planeados, com a envolvência da governação regional autónoma, o que produziu estudos e investimentos públicos, primeiro, e depois através do aproveitamento dos fundos comunitários da União Europeia, onde não se poderá esquecer os vultuosos investimentos deste governo, designadamente na nova gare e requalificação do aeroporto da nossa ilha, investimento esse cujo retorno ainda não atingiu a sua plenitude, ou nas condições modernas implantadas nos portos e vocacionadas para o Recreio náutico e Observação de Baleias e tudo isso acaba por nos revelar como resultado ultimo, a evolução continua, quer em dormidas quer em simples turistas visitantes na nossa ilha, números esses impensáveis no fim da década de setenta.
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Residencial Mini-Bela - Madalena
Mas os primeiros investidores a sério, desta última fase, já lá vão trinta e tal anos, são os Srs. Dionísio Pereira, com a Residencial Açor (hojeHotel-Alojamento Bela Vista) e Adálgido Barreto, com a Residencial Castelete, ambas nas Lajes; o Sr. Manuel Garcia com a Residencial e Restaurante Pico, e o Sr. Elmiro Ataíde com a Residencial Mini-Bela, na Madalena; e o Sr. Filipe Teixeira da Silva com a Residencial Montanha e o Sr. Aires Goulart Serpa com a Casa de Hóspedes e Snack-bar Serpa (recuperação da antiga Pensão Gomes) na vila de São Roque.
Depois, felizmente, muitos se lhe seguiram principalmente em alojamentos dignos e diversificados, desde o turismo rural, turismo de habitação, hotéis e Apartamentos de vária índole, virados mais para a aposta no turismo do que na oferta habitacional…
É pois a esses primeiros investidores das residenciais turísticas da nova era, que não desfaleceram nem viraram a cara às contrariedades e arrostaram com juros bancários altíssimos e algumas vezes com burocracias incompreensíveis, é para esses que hoje aqui deixo a minha modesta mas respeitosa homenagem.
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